É com um dos alunos de Silbermann, Johann Andreas Stein , que se desenvolve a mecânica que viria a ser conhecida como Vienense (ou alemã). Isto acontece por volta de 1770 e podemos ver o seu funcionamento neste vídeo:
Como podemos verificar, nesta mecânica os martelos estão invertidos, ou seja, a sua cabeça está virada para o pianista (contrariamente à de Cristofori). As teclas empurram directamente os martelos. As cordas são normalmente um pouco mais finas (cerca de 50%) e os martelos mais pequenos, comparando com a mecânica Inglesa, conferindo aos pianos Vienenses um som mais "leve".
(Nanette Stein) Uma das suas filhas, Anna Maria (Nanette) Stein, viria a ser a sua melhor aluna na construção de pianos.
Nanette Stein e o seu irmão Matthaus Andreas Stein (conhecido como André Stein) tomaram conta do negócio do pai após a sua morte em 1792. Dois anos depois, em 1794, foram para Viena e formaram a empresa Geschwister Steinque existiu até 1802, altura em que André Stein forma a sua própria firma (mais tarde sucedido pelo seu filho Karl Andreas Stein).
(J.A. Streicher)
Entretanto, em 1794, Nanette casa com o compositor e pianista Johann Andreas Streicher que se junta a Nanette na construção de pianos formando a firma Nannette Streicher née Stein.
Mais tarde o filho do casal Streicher, Johann Baptist Streicher, junta-se aos pais e a firma toma o nome de Nanette Streicher, geb. Stein und Sohn. Em 1833, com a morte de J.A. Streicher e Nanette, o filho de ambos (J. Baptist) muda o nome da firma para J.B. Streicher, para mais tarde, em 1857, voltar a mudar para J.B. Streicher und Sohn com a entrada do seu filho Emil Streicher para o negócio de família.
Os pianos Stein/Streicher foram bastante inovadores e dos primeiros em que o mecanismo permitia a repetição rápida. Foram elogiados por grandes compositores como Mozart (os seus pianos preferidos), Beethoven, Clara Wieck (Schumann), Robert Schumann e Johannes Brahms
Tanto Mozart como Beethoven foram bastante íntimos da família Stein-Streicher. Nanette, como grande pianista que foi, recebeu aulas de Mozart e tocou várias vezes para Beethoven. Beethoven tinha com Nanette uma relação muito próxima. Ela era para ele quase uma "2ª mãe", arranjando-lhe casa para morar quando ele era despejado devido ao barulho que fazia a meio da noite, arrumando-lhe a casa e tratando-lhe da roupa. Estava sempre ao seu lado nos momentos de doença e Beethoven procurava-a frequentemente para conselhos de natureza doméstica, particularmente depois de ter ficado com a custódia do seu sobrinho Karl. Como já referi, Nanette e o seu marido morreram no mesmo ano, depois de 39 anos de casamento. Estão sepultados no talhão dos músicos do Zentralfriedhof (Cemitério Central) de Viena. O seu túmulo está virado de frente para o de Beethoven.
No ramo "paralelo" da família Stein, estava, como referi, André Stein, cujos pianos estavam entre os eleitos de Beethoven e o casal Schumann. Beethoven apenas confiava em André Stein para transportar e reparar o seu piano Broadwood (tratarei destes pianos num futuro post). Existe hoje em dia um piano André Stein (de 1824) no museu Robert Schumann em Zwickau. Este instrumento foi inicialmente de Clara Schumann, tendo-lhe sido oferecido pelo seu pai Friederich Wieck quando ela tinha 8 anos. Após o casamento com Robert Schumann, este acabou por se tornar também seu proprietário. Também sobrevive mais um piano André Stein de 1819 no museu Kunsthistoriches (Museu de Arte Histórica) em Viena.
Aqui estão dois exemplos sonoros de pianos ORIGINAIS Stein e Streicher. Beethoven - Sonata Op.10 no.1 (III andamento) tocada num piano Stein de 1795 Mozart - Sonata KV311 (I andamento) tocada num piano Nanette Streicher de ca.1800
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