terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Partitura da Semana - 1

AQUI
podem encontrar a partitura desta semana:

Very First Classics editado por Donald Gray


este livro está referido no programa do 1º ano de piano da experiência pedagógica de 1973/74

Estará online por tempo limitado.

Músicos? - 1


A qualidade até é bastante má (naturalmente), mas para mim não deixa de ser impressionante. É mesmo uma fotografia. Adivinhem de quem...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Música e Pintura - 2

A Lady Seated at a Virginal
Jan Vermeer van Delft (1632-1675)

O escândalo Hatto - 3

Numa reviravolta espantosa dos acontecimentos, a revista Gramophone soube de uma carta enviada por
William Barrington-Coupe (marido de Joyce Hatto) para a direcção da editora discográfica BIS onde ele confessa os seus actos na questão do plágio. Seguidamente a revista Gramophone contactou Barrington-Coupe que confirmou que mantém as afirmações da referida carta.

Barrington-Coupe explica que é verdade que fez passar gravações de outras pessoas por gravações da sua mulher, mas que o fez para lhe dar a ilusão de um fim digno para uma carreira injustamente ignorada (como ele refere).

O surgimento do Compact Disc (CD) em 1983 significou que as cassetes que ele estava a produzir da sua mulher a tocar foram rapidamente ignoradas pelos críticos, pois as revistas (como a Gramophone) fizeram gradualmente a transição para o novo formato. Foi alguns anos mais tarde que Barrington-Coupe teve a capacidade de produzir CDs, mas nessa altura Joyce Hatto já estava num estádio avançado da doença que mais tarde seria a causa da sua morte. Ele tentou transferir as gravações das cassetes para CDs mas sem grande sucesso. Então a
sua decisão foi de regravar o repertório da sua mulher.

Embora Joyce Hatto mantivesse um regime de estudo rigoroso, Barrington-Coupe refere que ela sofria mais do que queria admitir. As sessões de gravação eram marcadas pelos gemidos de dor enquanto tocava e o seu marido não sabia o que fazer para resolver a questão.

Lembrando-se da história de Elisabeth Schwarzkopf e de Kirsten Flagstad numa gravação da EMI do Tristão e Isolda de Wagner, pensou que algo semelhante poderia ser feito neste caso. Começou a procurar pianistas cujo som e estilo fosse semelhante ao da sua esposa, e assim que os encontrasse, utilizaria pequenas inserções nas suas gravações de forma a enconbrir as imperfeições da sua mulher.

A pouco e pouco começou a utilizar secções cada vez maiores para faciliar o processo de edição e descobriu, por acidente, como alterar o tempo da execução para disfarçar o som.

As execuções foram tidas como soberbas em várias revistas da especialidade e finalmente a sua mulher tinha o reconhecimento que ele sentia ser justo.

Barrington-Coupe diz-se arrependido e que agiu estupida e desonestamente. Garante que não ganhou grandes quantias com o que fez.

O que agora se pede é uma lista exaustiva das gravações que na realidade são feitas por Joyce Hatto e quais não são, com os nomes dos verdadeiros executantes. Barrington-Coupe responde que não quer enveredar por esse caminho, acrescentando que terminou toda a operação e que destruiu todo o stock parando toda e qualquer produção.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Escalas e Arpejos

Informo que se encontra disponível para download na secção "Banco de Piano" um manual de escalas e arpejos para todos os alunos que estiverem interessados.

Música e Pintura - 1

A Lady Standing at a Virginal
Jan Vermeer van Delft (1632-1675)

Citações - 2

Canto porque sou Homem.

Eugénio de Andrade

Citações - 1

Tudo está escrito numa partitura, excepto o essencial.

G. Mahler

sábado, 24 de fevereiro de 2007

O Prodígio

Numa rara entrevista, o pianista russo Evgeny Kissin fala a Vadim Prokhorov sobre a sua vida e arte – e da noite que, com 12 anos, uma única actuação o projectou para a história da música.

2 de Janeiro de 2004 (in The Guardian)


Já com cerca de duas horas de conversa, Evgeny Kissin, sentado no seu apartamento no Upper West Side de Nova Iorque, fica de algum modo inquieto e pergunta quantas questões eu ainda tenho para ele. “Não muitas, na realidade”, respondo. “A razão pela qual pergunto”, continua, “é que o nosso prédio tem uma nova regra: é proibido estudar piano após as 21 horas e já são sete da tarde”.


Esta nova regra é ainda um reflexo da experiência vivida por ele e sua família no apartamento que tinham em Moscovo. O seu vizinho de baixo de então, um capitão de artilharia, telefonou à escola de música distrital onde a mãe de Kissin trabalhava como professora de piano e queixou-se do barulho que Kissin (de 14 anos de idade) fazia. Também levantou a suspeita que a mãe de Kissin estaria a dar lições particulares em casa, o que era um crime na altura na União Soviética. Mais tarde, em conversa com a mãe de Kissin, o capitão perguntou-lhe se o seu filho frequentava a escola – a pergunta era uma “rasteira”, pois também era crime se uma criança não fosse à escola. A mãe de Kissin respondeu que o seu filho tinha um estatuto especial de frequência das aulas de maneira a poder estudar mais em casa. O capitão respondeu: “eu sou um oficial de artilharia, mas não ando a disparar canhões em casa”.

Um grupo de vizinhos fez queixa em tribunal, alegando que Kissin tinha um enorme piano de cauda no meio de uma sala – “Na realidade nós tínhamos um piano vertical na altura” comenta Evgeny Kissin – e que “um rapaz está sentado ao piano a carregar nos pedais com força”. Mais tarde, um polícia foi investigar. Nesse dia em particular, Kissin estava num ensaio no Kremlin para um concerto de gala integrado no 27º Congresso do Partido Comunista. “O meu pai explicou ao polícia a razão da minha ausência”, diz Kissin. “O polícia fez então continência e disse, ‘Seja. O estudar piano nunca mais será problema daqui em diante’ “O capitão de artilharia na realidade não sofreu muito com problemas de “ruído” quando Kissin era criança. No seu primeiro ano na Escola de Música Especial de Gnesin, onde ele entrou com 6 anos de idade, Kissin estudava no máximo 20 minutos por dia. No seu segundo ano na escola, ele estudava perto de uma hora, e após 3 anos, quatro horas por dia. “Eu acho que não precisava de muita disciplina no início”, diz Kissin. “como músico, estava a desenvolver-me muito depressa e quando se tem um verdadeiro talento, consegue-se evoluir usando apenas o talento natural, sem muito esforço. Mais tarde chega o momento em que não se consegue crescer sem trabalho árduo”.

Kissin, actualmente [2004] com 32 anos, era bastante calmo em criança. Ficava no seu berço e ouvia a sua irmã mais velha tocar piano. Um dia ele cantarolou um tema de uma Fuga de Bach que a irmã estava a estudar. Ele tinha apenas 1 ano de idade. Daí em diante ele cantava tudo que ouvia: o repertório que a irmã estudava, melodias que ouvia na rádio, TV e discos. Aos dois anos de idade começou a estudar piano.

Ninguém, o ensinou antes de ingressar na escola e foi apenas aí que começou a ler música. “Os meus pais não esperavam que eu tivesse um talento para a música”, diz Kissin. “Eles não pensavam que eu pudesse tornar-me um músico, por isso permitiram que fizesse o que queria. Pensavam que a minha irmã seria pianista”. Na Escola de Gnesin entrou para a classe de Anna Pavlovna Kantor – a única professora de piano que sempre teve. “Desde que me lembro”, diz Kissin, “sempre estive mais interessado em música do que em brincar na rua com as outras crianças. Sempre foi um impulso que nem eu nem ninguém conseguiu travar. Talvez alguns pensem que a minha infância não foi normal. Para mim foi tão normal e natural como respirar”. A sua primeira actuação foi com 7 anos de idade, quando tocou composições suas. Tocou o seu primeiro concerto com orquestra com 10 anos; aos 12 tocou os concertos para piano e orquestra de Chopin com a Orquestra Filarmónica de Moscovo e Dmitry Kitaenko na grande sala do Conservatório de Moscovo. Este célebre concerto foi um dos marcos mais importantes e memoráveis na carreira do pianista. Ele era virtualmente desconhecido até aquela noite; acordou na manhã seguinte uma lenda.

Em 1988 conheceu Herbert von Karajan e tocou com ele o primeiro concerto para piano e orquestra de Tchaikovsky. A sua apresentação a este maestro foi muito inesperada. O seu empresário Hans-Dieter Gohre convidou Kissin e a sua família para ficarem em Munique antes do início da sua tournée pela Áustria e Suiça com os Moscow Virtuosi. Uma certa manhã, Gohre telefonou-lhe e perguntou-lhe se ele estaria na disposição de conhecer e tocar para Karajan. Ele tinha enviado a Karajan gravações de Kissin, perguntando-lhe se estaria disponível para o conhecer. Karajan acedeu. Kissin recorda cada minuto desse encontro e o efeito extraordinário que Karajan exerceu nele. O efeito foi mutuo e Kissin lembra que Karajan apontou para ele e disse: “Génio”.
Kissin apresenta-se cerca de 40 vezes por ano em concerto, o que é uma das razões para o facto de nunca parecer cansado de tocar piano. Apesar de se interessar por várias coisas, não tem nenhum hobbie em particular. “A minha arte é a minha vida”, assegura. “Uma é inseparável da outra”.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Horowitz

Isto é que é tocar Scriabin. Estudo op.8, nº12. Que grande pianista.

Construtores de Pianos

Uma história de três construtores de pianos

Algumas das mais importantes cidades do mundo musical, como Berlim e Nova Iorque apresentam frequentemente três importantes marcas de pianos: Steinway, Blüthner e Bechstein. Três dos maiores construtores de pianos que celebraram o seu 150º aniversário em 2003.

Desde 1853 que os artistas têm elogiado os seus instrumentos. Claude Debussy afirmou que a música para piano deveria apenas ser escrita para Bechsteins. Já para Wilhelm Furtwängler, os melhores eram Blüthner. "Os pianos Blüthner conseguem realmente cantar, o que é o melhor que se pode dizer de um piano". Martha Argerich, a pianista argentina, acredita que um Steinway por vezes toca melhor que o pianista - "uma surpresa maravilhosa". Em temos comerciais, as três evoluíram de maneiras diferentes.

A fábrica da Blüthner perto de Leipzig foi destruída durante o ataque aéreo de 1943. As forças ocupantes Soviéticas permitiram que a família reconstruísse a fábrica após a Segunda Grande Guerra e conseguiram inclusivamente manter cerca de um quarto da empresa até 1972 quando passou a ser controlada pelo estado, mas permanecendo Ingbert Blüthner-Haessler como director da fábrica. Após 1989 a família comprou de nova a empresa que agora é dirigida pelo Sr. Blüthner-Haessler e os seus dois filhos.

Helene Bechstein, uma das co-proprietárias da empresa Bechstein foi uma grande apoiante do regime Nazi, o que foi em grande parte a razão pela qual a firma Bechstein foi confiscada durante o processo que seguiu o pós-guerra na Alemanha. O declínio da Bechstein não pôde ser evitado e há cerca de 15 anos teve que ser salva da bancarrota pela cidade de Berlim. Só a partir dessa altura é que a marca Bechstein recomeçou a ganhar alguma da sua força inicial. em 2002 cerca de 3,000 novos Bechsteins foram construídos. Em 1993 foram cerca de 650.

Entretanto, a Steinway prosperou na América, estabelecendo quase um monopólio em termos de pianos de concerto. Muitos atribuem o sucesso da Steinway ao seu marketing inteligente, bem como à qualidade dos seus pianos. Demora cerca de 1 ano a construir um Steinway a partir de 12,000 componentes e 8 tipos diferentes de madeira. Por ano as fábricas Steinway de Astoria, Nova Iorque e Hamburgo produzem cerca de 3,000 pianos de cauda - com preços até cerca de $100,000 (dólares) - e 1500 pianos verticais, o que é aproximadamente a mesma produção que há um século atrás.

A Steinway é também habilidosa a associar pianistas com a marca, e existe uma lista oficial de cerca de 1,300 "artistas Steinway", desde Alfred Brendel a Billy Joel. Os músicos devem obrigatoriamente possuir um Seinway para pertencerem ao clube; em troca, o representante local da marca que se encontre mais próximo fornecerá um piano sempre que eles actuem. Mesmo assim, o lugar de topo da Steinway tem vindo a ser contestado. Os pianos asiáticos sempre foram mais baratos e nos últimos tempos a sua qualidade tem melhorado rapidamente.

Finalmente temos os pianos Fazioli, de um pequeno construtor que fundou a marca em 1978 no norte de Itália, na cidade de Sacile. A fábrica Fazioli é perto do berço do piano. Em Pádua, não muito longe, um construtor de instrumentos chamado Bartolomeo Cristofori inventou o piano há cerca de 300 anos. A Steinway, Blüthner e Bechstein podem não concordar, mas alguns artistas acreditam que a Fazioli constrói actualmente os melhores pianos do mundo.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Apenas porque sim - 2

Mais uma informação não-pianística: teve lugar ontem (21-02-2007), no Club Setubalense, a primeira sessão de Músicas com História que, como o nome indica, debruça-se sobre a história da música. Esta primeira sessão teve como tema a música da Idade Média e a próxima será dia 14 de Março (pelas 21.30) e terá como temática a música do Renascimento. Todas as sessões serão da responsabilidade do maestro Raul Avelãs e serão ilustradas sempre com exemplos musicais, quer em suporte digital, quer ao vivo. O ambiente é descontraído e a linguagem não é técnica, dirigindo-se assim a um público com formações várias.

Esta é uma organização
Associação Dedicarte - Club Setubalense




Apareçam no dia 14 de Março !!

Apenas porque sim - 1

Como não se vive apenas de piano (por muito que custe acreditar), aqui vai uma referência a algo extra-piano: o Bookcrossing

Em Setúbal, mais precisamente no Club Setubalense, já existe um ponto de "Bookcrossing" onde podem ir buscar/deixar livros interessantes. Para mais informações (em português), podem consultar aqui. O sítio "geral" está aqui.

Participem nesta óptima ideia !

O escândalo Hatto - 2

No DN de 21 de Fevereiro (4ª feira) saiu uma referência a esta questão. Pode ler-se aqui

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O escândalo Hatto - 1

Joyce Hatto. Pianista britânica nascida em 1928 e que faleceu no verão de 2006 (biografia aqui )

No final da semana passada sete (7) discos que ostentavam o seu nome como intérprete, foram indicados como sendo plágio. Descobriu-se, assim, que as suas supostas interpretações eram, afinal, de outros pianistas, sendo que, alguns deles são nomes sonantes como Vladimir Ashkenazy (o Concerto para piano No.2 de Brahms) e Yefim Bronfman (os Concertos para piano Nos.2 e 3 de Rachmaninoff). No entanto, a maioria dos discos plagiados são de pianistas menos conhecidos que gravaram para editoras independentes ou para pequenas editoras. Em alguns casos até as velocidades de execução (tempo) foram alteradas electronicamente.

A descoberta surgiu quando um critico musical da revista Gramophone introduziu um CD de Joyce Hatto com a gravação dos 12 "Estudos de execução transcendental" no seu computador. O leitor do iTunes identificou o disco como sendo gravado por outro pianista (Lászlo Simon). Ele foi investigar e comparar com o álbum de Simon e descobriu que eram idênticos. O iTunes faz alguns cálculos a partir da duração das faixas e liga-se a uma Base de dados de CDs. Foi assim que ele detectou esta fraude. O crítico tentou depois outro disco (Hatto a interpretar Rachmaninoff) e novamente o iTunes identificou-o como pertencente a outra pessoa, neste caso Yefim Bronfman.

Alguns destes discos têm um "ar" legitimo: capas bonitas e notas de programa com informações que incluem datas de gravação, engenheiros de som e produtores.

Devido a esta situação, agora, obviamente, toda a discografia de Hatto está sob suspeita e, certamente levará anos até que a sua "verificação" se faça totalmente.

Aumentando ainda o clima de suspeição está o facto de ela ter deixado de dar concertos em meados dos anos 70 (alegadamente devido a doença), tendo a sua actividade musical passado a ser exercida apenas em gravações num estúdio em Cambridge. A sua actividade concertística parece não ter deixado grande impressão.

Aqui podem ver algumas provas onde se comparam as várias versões que se conhecem como plágio. Esta página será actualizada à medida que novos CDs plagiados forem descobertos.

E quanto à motivação? fala-se que o seu marido, William Barrington-Coupe, terá pelo menos ajudado a criar uma das maiores discografias pianísticas em memória da sua esposa já há muito enferma. O que se questiona é se a própria Hatto estava dentro do "esquema" ou não, se ela poderia não saber de nada.

No mínimo, o escândalo Hatto deverá iniciar um nível de cepticismo no mundo dos consumidores de música, pois apesar de algumas escolas (como o Instituto Curtis) insistirem em provas de admissão presenciais, o mundo académico está cheio de histórias de júris que ao ouvirem uma gravação de um candidato exclamam: "Mas esse sou eu"

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

A Truta

Uma gravação histórica (1969) do Quinteto "A Truta" de Schubert. Aqui apresento o 4º andamento - Tema e Variações. Os intérpretes são: Daniel Barenboim, Zubin Mehta, Itzhak Perlman, Jacqueline Du Pré e Pinchas Zuckerman. Ter em conta a 3ª variação que é "dedicada" ao piano, mas onde a Jaqueline du Pré tem uma participação muito activa. Tão novinhos que eles eram! Fantástico.

Rapsódia Húngara de F. Liszt a 4 mãos

Afinal tocar a 4 mãos pode ser ainda mais divertido. Victor Borge mostra-nos como...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Rachmaninoff e mãos pequenas

Afinal quem tem mãos pequenas sempre pode tocar Rachmaninoff !!

Piano é para todos !

Técnica, musicalidade, sensualidade, agilidade, atitude, postura...enfim...melhor que muitos alunos ! hehehehehe


domingo, 18 de fevereiro de 2007

Pianistas - parte 2

A maioria dos pianistas estão absolutamente fartos de tocar e gravar os 20 concertos do top. Tal como os maes­tros, gostam de fazer o seu conjunto de concertos de Beethoven e embarcariam de bom grado nos 27 de Mo­zart, mas são geralmente desencorajados de cometerem esta agradável extravagância. A outra coisa que todos os pianistas gostam de gravar é o conjunto das valsas de Chopin. Um pianista é um alvo fácil de críticas. Devem ser lançadas de imediato dúvidas sobre a sua forma de to­car - «sombria, peso pluma, sem a firmeza necessária»), é uma das direcções possíveis das críticas; «toca com os pés, atravancado, inflexível, pesado, exibicionista», é a outra. Os pianistas ignoram, por norma, as indicações dinâ­micas dos compositores - quer isto dizer que tocam suavemente onde deviam tocar com intensidade, e vice­-versa. As indicações dos pedais são tratadas como se fossem anedotas - que direito, perguntam eles, têm os compositores de dizer-nos quando devemos usar os pedais? Neste aspecto, têm muito em comum com os taxistas. Contudo, a doença mais espalhada entre os pianistas é o rubato. O rubato é urna variação do tempo, uma suave lentidão nos momentos de maior emoção, um acelerar em passagens já de si frenéticas. Os pianistas do século pas­sado levaram a sua paixão pelo rubato ao ponto de este se ter tomado uma mania. Aplicavam-no sobretudo a Chopin. Os críticos, por uma vez sem exemplo, adoraram; e isto teve, evidentemente, como consequência O abandono quase total do rubato pelos pianistas de hoje. Agora ata­cam Chopin com uma precisão infalível e sem qualquer variação de velocidade; tudo fica a soar corno se fosse um rolo de pianola, Como a pontuação de qualquer género, o rubato deve ser usado, mas sempre com moderação. Um excelente tópico de conversa, sem dúvida.

in Gammond, Peter "O especialista instantâneo em música", Público-Gradiva

sábado, 17 de fevereiro de 2007

A independência digital!

Já foram mostradas as capacidades técnicas de Sokolov. Neste prelúdio de Bach (arr. A. Siloti), quanto a mim podemos observar um controlo absoluto de cada um dos dedos de um ser humano. Reparem que tudo se repete mas Sokolov faz sobresair cada uma das vozes que desejas como se surgissem do céu. Observem o último acorde, simplesmente genial!


Beethoven - Testamento de Heiligenstadt

Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a uma triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos. Iludido constantemente, na esperança de uma melhoria, fui forçado a enfrentar a realidade da rebeldia desse mal, cuja cura, se não for de todo impossível, durará, talvez, anos!

Nascido com um temperamento vivo e ardente, sensível, mesmo, às diversões da sociedade, vi-me obrigado a isolar-me num modo de vida solitário. Por vezes, quis colocar-me acima de tudo, mas fui, então, duramente repelido, ao renovar a triste experiência da minha surdez!

Como confessar esse defeito dum sentido que devia ser, em mim, mais perfeito que nos outros; dum sentido que, tempos atrás, foi tão perfeito como poucos homens, dedicados à mesma arte que eu, possuíam! Não me era, contudo, possível dizer aos homens: "Falai mais alto, gritai, pois eu estou surdo". Perdoai-me se me vedes a afastar-me de vós! A minha desgraça é duplamente penosa, pois, além do mais, faz com que eu seja mal julgado. Para mim, já não há encanto na reunião dos homens, nem nas palestras elevadas, nem nos desabafos íntimos. Só a mais estrita necessidade me arrasta à sociedade. Devo viver como um exilado. Se me acerco dum grupo, sinto-me prisioneiro duma pungente angústia, pelo receio que descubram o meu triste estado. E assim vivi este meio ano que passei no campo. Mas que humilhação quando, ao meu lado, alguém percebia o som longínquo duma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto dum pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero, e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou! Pareceu-me impossível deixar o mundo antes de haver produzido tudo o que eu sentia me haver sido confiado, e assim prolonguei esta vida infeliz. Paciência, é só o que aspiro, até que as parcas inclementes cortem o fio da minha triste vida.

Melhorarei, talvez. Ou talvez não! Mas terei coragem. Na minha idade, já obrigado a filosofar, não é fácil, e mais penoso ainda se torna para o artista.

Meu Deus, deita, sobre mim, o teu olhar! Ó homens! Se isto vos cair, um dia, debaixo dos olhos, vereis que me julgastes mal! O infeliz consola-se quando encontra uma desgraça igual à sua. Tudo fiz para merecer um lugar entre os artistas e entre os homens de bem. Peço-vos, meus irmãos (Karl e Johann): assim que eu fechar os olhos, se o professor Schmidt ainda for vivo, fazei o favor de lhe pedir, em meu nome, que descreva a minha moléstia, e juntai essa descrição a isto que aqui escrevo, para que o mundo, depois da minha morte, se reconcilie comigo. Declaro-vos ambos herdeiros da minha pequena fortuna. Reparti-a honestamente e ajudai-vos um ao outro. O que contra mim fizestes, há muito, bem sabeis, já vos perdoei. A ti, Karl, agradeço as provas que me deste ultimamente. O meu desejo é que a tua vida seja menos dura do que a minha.

Recomendai aos vossos filhos a virtude. Só ela poderá dar a felicidade, não o dinheiro, digo-vos por experiência própria. Só a virtude me levantou da minha miséria. Só a ela, e à minha arte, devo o facto de não ter terminado em suicídio os meus pobres dias. Adeus, e conservai-me a vossa amizade. Envio a minha gratidão a todos os meus amigos. Sentir-me-ei feliz, debaixo da terra, se ainda vos puder valer.

Recebo com felicidade a morte. Se ela vier antes que realize tudo o que me concede a minha capacidade artística, apesar do meu destino, virá cedo demais, e eu desejá-la-ia mais tarde. Por outro lado sentir-me-ei contente, pois ela libertar-me-á dum tormento sem fim. Venha quando vier, e eu, corajosamente, a enfrentarei. Adeus e não vos esqueçais inteiramente de mim na eternidade. Bem o mereço de vós, pois muitas vezes, em vida, preocupei-me convosco, procurando dar-vos a felicidade.

Sêde felizes!

Heiligenstadt, 6 de outubro de 1802.

Ludwig Van Beethoven

Pianistas - parte 1

Os pianistas existem para tocar concertos para piano.
Claro que também tocam outras coisas. como música de câmara e sonatas, impromptus, bagatelles e campaínhas de portas, mas os concertos para piano são a coisa mais importante no mundo moderno em termos de música. E é quase impossível organizá-los de forma decente sem um pianista apresentável. Os pianistas, portanto, têm o aspecto que os compositores deveriam ter, de acordo com a tradição romântica, e impressionam tanto como os maestros. Todos os pianistas de sucesso sabem os 20 concertos do top de cor. Os empresários só precisam de lhes ligar e dizer «B3 - Simon - 15 de Junho AH», ao que o pianista famoso apenas responde: «E quanto é que me toca?» Pode regatear um pouco acerca deste assunto, mas nunca acerca da música.
Não pense que é fácil ser um grande pianista. Para além de várias horas de ensaios todos os dias, de mergulhar regularmente as mãos em azeite quente e de segurar em milhares de notas de conto, têm de ensaiar os ajustes dos bancos de piano, o arremesso preciso e correcto da cauda do fraque sobre o banco, o retorcer das mãos, o limpar da testa, o ar interessante e despreocupado nos momentos em que não está a tocar, os apertos de mãos aos maestros e as vénias.


in Gammond, Peter "O especialista instantâneo em música", Público-Gradiva

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Um grande Músico

Trata-se de Alfred Cortot, talvez um dos melhores músicos que conheço. Aqui fica um trecho de uma Masterclass onde Cortot mostra a sua visão sobre a última das "Cenas Infantis" de Schumann (O Poeta Fala).

D.Scarlatti - Sonata K.141

Para quem gosta de notas repetidas...
(tocado por Martha Argerich)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Prokofiev - Sonata para piano No.7

Em "homenagem" ao colega Eduardo que me deu a conhecer a magnífica interpretação do G. Sokolov desta Sonata de Prokofiev, aqui ficam 3 interpretações para poderem comparar (apenas do 3º andamento - Precipitato):

QUERO VER COMENTÁRIOS !!!

1. Grigory Sokolov




2. Glenn Gould




3. Martha Argerich

Glenn Gould - 1

Toca uma das minhas variações preferidas das "Variações Goldberg", BWV988 de J.S. Bach: a 18ª (é logo a primeira no vídeo).
é a versão gravada em 1981 (1 ano antes da sua morte)

Documentos

Caros colegas

Visitem a secção "Banco de Piano" onde podem encontrar alguns dos documentos "oficiais" da disciplina de piano: programas, listagens de obras, etc.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Calendário de Audições - 1

Estão previstas as seguintes Audições:

10 de Março: Classe da Prof.ª Fátima Guerreiro

17 de Março: Classe da Prof.ª Isabel Gonçalves (e Fernando Pernas de Clarinete)

18 de Março: Classes das Profs. Ana Cristina Fernandes e Raquel Pires

Apareçam !

Entrega dos programas de Exame

Os colegas devem entregar os programas para os exames de piano de 5º e 8º graus até ao dia 17 de Março.

O sorteio será realizado no dia 21/3 às 14.30 na Biblioteca.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Vladimir Horowitz - 1

Podia ter posto aqui o primeiro video tocado por muita gente, mas este Senhor é especial...

Vladimir Horowitz toca o Prelúdio-Coral em Sol menor de J.S. Bach (transcrição de F. Busoni)

Audição de Piano - 1

As fotos da Audição de Piano e Música de Câmara dos alunos dos Profs. Nuno Batoca e Ana Cristina Fernandes já estão online. Vejam a Secção "Cordas Partidas". Aqui fica o programa:


Reunião da Classe de Piano e Acordeão - 1

Terá lugar amanhã, dia 12 de Fevereiro às 11h30. Compareçam colegas!

Os alunos (2008-2009)

Adriana de Almeida Fernandes - Afonso Paulo Farinha Alves - Alberto Correia Peixoto Vaz Pacheco - Alexandre Semedo Coelho - Alice Rodrigues da Fonseca - Ana Beatriz da Costa Marta - Ana Carolina de Almeida Figueiredo - Ana Catarina Bailão Ramos Perpétuo - Ana Margarida de Almeida Fernandes - Ana Salomé Magalhães Lucas Rebelo - Ana Sofia Mendes Dos Santos - Aniana Mercedes Almeida Rodrigues - Beatriz Fernandes Martins - Beatriz Isidro Praça - Beatriz Monteiro Dos Santos Ponte da Silva - Beatriz Pinto Basto Carreira Lopes - Bernardo Gil Coutinho Morgado - Carlos Miguel Encantado - Carlos Ventura Belchior Henriques - Carlota Neves Dias de Pinho - Carolina Filipa Botelho Sampaio - Carolina Maria Pedra de Freitas Lopes Ferreira - Catarina Antunes Mantas - Cátia Alexandra Rosa de Oliveira - Cláudia Raquel Silveira da Silva - Cláudia Sofia Branco Coelho - Daniel Filipe Brandão Figueira - Daniela Liberato Almeida Marques da Conceição - Daniela Rita Correia e Silva - David Barbosa Maia - David Miguel Marques Aniceto Santos - Diana Bastos Vieira Reis Ribeiro - Diana Pereira Fernandes - Dinis Afonso Martins Vargas Reis - Diogo Carvalho Costa - Diogo Henrique Manata Batista - Diogo Tomás Pires Dias - Duarte Rafael Martins Vargas Reis - Elson Barreto Fernandes - Eva Sofia Borges de Araújo Gomes - Fábio Miguel Ferrony Martins - Filipa Barros da Silva - Francisco Maria Vida Correia Dimas Contreiras - Francisco Moraes Castel-Branco - Frederico Joaquim Botelho Sampaio - Gerson Melo Santos - Gonçalo Carapeto de Albuquerque - Gonçalo Filipe Sousa Mateus - Gonçalo Vieira da Fonseca - Hugo Filipe Madeira Fernandes - Inês Maria Ciriago Marquês de Sousa - Inês Mendes de Azevedo - Inês Neves Dias de Pinho - Isabel Sofia da Cunha Piteira - Jessica Coutinho Morgado - Joana de Sousa Gouveia Dos Anjos - Joana Filipa Antão da Silva Fulgêncio - Joana Filipa Lança Das Dores - Joana Isidoro Praça - Joana Osório Gomes Rosado de Sousa - João André Ribeiro Lobo - João Carlos Marques R. de Mendonça Encarnação - João Miguel Calisto Safara - João Pedro Borrego Caleira - João Pedro Calhau Guimarães - João Pedro Canudo Cruz - José António Lourenço Rosa - José Duarte Maia Rodrigues - José Pedro de Sousa Ferreira - Leandro Miguel Paulo Moura - Leonor de Abreu Simplício - Luís Carlos Marques Aniceto Santos - Luís Eduardo Tristão Delgado - Luís Tiago Cabrita Lopo - Mafalda Conceição Brighton da Silva - Marcos Alexandre Paulo Moura - Margarida Ferreira da Silva Miranda - Margarida Galrito Pires Serra - Margarida Vidal Sampaio - Maria Ana Fidalgo Ferreira Sérgio - Maria Francisca Ribeiro Dias Gonçalves Pereira - Maria Inês da Costa Rendas - Maria Inês Fernandes Saldanha - Maria Inês Jardim Beira - Maria Inês Simões Dias Dos Reis Gonçalves - Maria Leonor Barreto Torres Mendonça Narciso - Margarida Vidal Sampaio - Maria Miguel Picado Serrano - Maria Teresa de Jesus Horta de Almeida - Maria Teresa Moraes Castel-Branco - Mariana Alves Canhão - Mariana Duarte Martins - Mariana Lourenço Das Neves - Mariana Morais Machado - Mariana Moreno Pereira Sarmento Vinhas - Mariana Neto Vinheiras - Mariana Pedroso Branco - Mariana Pereira Pisco - Mariana Sofia Colaço Dias - Marta Catarina Coelho Pereira - Marta Sofia Banza Gonçalves - Martim Cevadinha Simões Figueiredo - Micaela Felicidade Muechi Freitas - Miguel Duarte Albuquerque - Mónica Isabelle Popovic - Mónica Sofia de Albuquerque Côrte Real - Nuno Filipe Bofill Milheiro Soares - Patrícia Sofia Pinto e Filipe - - Pedro Miguel Sousa - Rafael Amaro de Jesus e Tavares - Raquel Sofia Caritas Moreira - Raquel Sousa de Oliveira - Rita Alexandra Sepúlveda Fortes Martins - Rita de Oliveira Fonseca - Rita Fidalgo de Figueiredo - Rita Mota Marques - Rodrigo Fernandes Lourenço - Rodrigo Miguel Gonçalves Silva Matias - Rui Alberto Brites da Silva - Samuel Costa Fernão Pires - Sara Beatriz Marques Aniceto Santos - Sara Filipa Mendes de Ferreira Carvalho - Sara Isabel da Costa Ximenes - Sara Margarida Domingos Oliveira - Sara Sofia Ferrony Varela Martins - Sofia Alexandra Maia Silvestre - Sofia Margarida Castro Correia Ribeiro - Sónia Filipa Puga Dias - Tiago Augusto Tavares Magro Mendes - Tiago João Dias Cabrita - Tiago Moraes Castel-Branco - Tiago Pereira Biscaia de Oliveira - Tomás de Brito Águas