sábado, 3 de março de 2007

As Variações "Goldberg", BWV 988

As Variações “Goldberg” são a última obra de uma série de música para teclado que Bach publicou com o título de “Clavierübung, e são uma das composições mais ambiciosas alguma vez escritas para cravo.

Baseada apenas num baixo (“ground”), a obra demonstra não só o conhecimento que Bach tinha dos diversos estilos musicais da altura, mas também as suas técnicas de execução refinadas. Sendo uma das maiores peças para teclado publicadas durante o período Barroco, a obra, por vezes, é tida como um “resumo” da história da variação barroca, tendo como obra correspondente do período clássico as variações Diabelli de Beethoven. No entanto, talvez devido à sua dificuldade técnica, não se tornou uma obra popular como, por exemplo, o “Cravo bem temperado” que nem sequer foi publicado durante o tempo de vida do compositor.

As variações “Goldberg” foram publicadas em 1741. A primeira edição tinha como título:
Clavierübung
Consistindo numa Ária com diversas variações para o Cravo de dois manuais, composta para os amantes da música, para refrescar o seu espírito, composto por
Johann Sebastian Bach
O seu título popular “Goldberg” deve a sua existência a uma história contada por Forkel no início do Século XIX.

Porque Bach escolheu a forma de variações não é inteiramente claro, mesmo que aceitemos o argumento de que a obra foi composta a pedido de Keyserlingk. Contrariamente a Corelli e Handel, que escreveram vários exemplos de variações, Bach não demonstrou grande interesse por esta forma: os únicos exemplos anteriores às “Goldberg” foram todos obras menores, como as partitas-corais (do seu período inicial) e a “Ária variata” em Lá menor.

Na ausência de manuscritos autógrafos de Bach, é difícil falar sobre a génese da obra. A Ária do início, que é repetida no final, está no segundo livro para Anna Magdalena Bach (1725), copiada por ela própria. Aqui, a Ária não ostenta o nome do compositor nem o título. Assim, é possível que o autor da Ária seja anónimo. Isto é também sugerido pelo facto da melodia do baixo (“ground”) ser um tema tradicional (pelo menos a sua secção inicial), que facilmente se encontra em muitos exemplos do repertório do Século XVII.

Sendo composta para o Cravo de dois manuais, a obra apresenta como característica mais proeminente a demonstração abundante de elementos expressivos modernos do Barroco final com um toque de idealismo Clássico, bem como uma beleza arquitectural e formal magníficas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela iniciativa de comentar.