
No final da semana passada sete (7) discos que ostentavam o seu nome como intérprete, foram indicados como sendo plágio. Descobriu-se, assim, que as suas supostas interpretações eram, afinal, de outros pianistas, sendo que, alguns deles são nomes sonantes como Vladimir Ashkenazy (o Concerto para piano No.2 de Brahms) e Yefim Bronfman (os Concertos para piano Nos.2 e 3 de Rachmaninoff). No entanto, a maioria dos discos plagiados são de pianistas menos conhecidos que gravaram para editoras independentes ou para pequenas editoras. Em alguns casos até as velocidades de execução (tempo) foram alteradas electronicamente.
A descoberta surgiu quando um critico musical da revista Gramophone introduziu um CD de Joyce Hatto com a gravação dos 12 "Estudos de execução transcendental" no seu computador. O leitor do iTunes identificou o disco como sendo gravado por outro pianista (Lászlo Simon). Ele foi investigar e comparar com o álbum de Simon e descobriu que eram idênticos. O iTunes faz alguns cálculos a partir da duração das faixas e liga-se a uma Base de dados de CDs. Foi assim que ele detectou esta fraude. O crítico tentou depois outro disco (Hatto a interpretar Rachmaninoff) e novamente o iTunes identificou-o como pertencente a outra pessoa, neste caso Yefim Bronfman.
Alguns destes discos têm um "ar" legitimo: capas bonitas e notas de programa com informações que incluem datas de gravação, engenheiros de som e produtores.
Devido a esta situação, agora, obviamente, toda a discografia de Hatto está sob suspeita e, certamente levará anos até que a sua "verificação" se faça totalmente.
Aumentando ainda o clima de suspeição está o facto de ela ter deixado de dar concertos em meados dos anos 70 (alegadamente devido a doença), tendo a sua actividade musical passado a ser exercida apenas em gravações num estúdio em Cambridge. A sua actividade concertística parece não ter deixado grande impressão.
Aqui podem ver algumas provas onde se comparam as várias versões que se conhecem como plágio. Esta página será actualizada à medida que novos CDs plagiados forem descobertos.
E quanto à motivação? fala-se que o seu marido, William Barrington-Coupe, terá pelo menos ajudado a criar uma das maiores discografias pianísticas em memória da sua esposa já há muito enferma. O que se questiona é se a própria Hatto estava dentro do "esquema" ou não, se ela poderia não saber de nada.
No mínimo, o escândalo Hatto deverá iniciar um nível de cepticismo no mundo dos consumidores de música, pois apesar de algumas escolas (como o Instituto Curtis) insistirem em provas de admissão presenciais, o mundo académico está cheio de histórias de júris que ao ouvirem uma gravação de um candidato exclamam: "Mas esse sou eu"
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ResponderEliminarTem graça que já tinha pensado em fazer isto em muitos dos CD's que gravei, pondo gravações do Domingos António. Mas achei por bem não lixar assim tanto um colega, e o público! (é só brincadeira)
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